23 novembro 2007

Chávez e o Império

O rei de Espanha mandou o presidente da Venezuela calar-se.  A euforia tomou conta de todas as direitas, mas também deixou confusa muita gente boa. O que Chávez havia dito durante a Conferência da Comunidade dos Países Íbero - americanos? Que o ex-primeiro-ministro espanhol, Aznar, é um fascista. O atual primeiro ministro da Espanha, Zapatero tomou a palavra para dizer que, embora tendo grandes divergências políticas com Aznar, achava que ele devia ser tratado com respeito. Zapatero não podia fazer diferente, tinha que se manifestar, porque sabia que seria cobrado na Espanha se houvesse se mantido em silêncio diante da crítica pública de Chávez. O que fez Chávez enquanto Zapatero falava? Mesmo tendo o som cortado, continuou a falar paralelamente, interrompendo Zapatero, insistindo em seus argumentos contra Aznar, lembrando que este havia apoiado o golpe de Estado que derrubou Chávez do poder por dois dias em 2002 (por ordem de Aznar o embaixador da Espanha foi o primeiro a reconhecer o governo golpista)... Chávez estava cheio de razão, mas, como muitas vezes, foi impulsivo, deselegante, infringindo a etiqueta da diplomacia etc. Nesse momento, impaciente, o rei Juan Carlos exclamou: "por que não se cala?" A imprensa das classes dominantes do Brasil exultou e aproveitou para achincalhar Chávez mais uma vez.


Por que tanta animosidade contra Chávez? Vejamos: quando Chávez foi eleito presidente da República pela primeira vez, em 1998, a Venezuela estava em falência política, suas classes dominantes, mergulhadas em profunda corrupção, desmoralizadas, não conseguiam mais governar. A maior riqueza do país, o petróleo, entregue às multinacionais de petróleo americanas, era partilhada por estas com as elites tradicionais e a alta classe média, ambas americanizadas, vivendo mais nos Estados Unidos que em seu país, seus filhos indo em massa estudar na Flórida, falando mais inglês que espanhol, acostumados todos a ver a Venezuela como uma fazenda de onde extraiam sua boa vida.


A Venezuela é o terceiro maior produtor de petróleo do mundo e exporta a maior parte da produção para os Estados Unidos. Chávez começou por questionar a dominação americana sobre o petróleo. Procurou fortalecer a capacidade de negociação da PDVSA (a empresa estatal venezuelana) com as multis. Além disso, constatando que as políticas das grandes potências haviam levado à redução brutal do preço internacional do petróleo (chegou a menos de 20 dólares o barril de 60 litros, isto é, petróleo estava mais barato que água mineral), assumiu a presidência da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) e desenvolveu uma política de valorização do preço do óleo. Isso causou ódio e remordimento nos Estados Unidos e nos outros países ricos.



Chávez também tratou de retirar das classes dominantes locais parte dos benefícios que recebiam do petróleo para poder investir na melhoria de condição de vida da população trabalhadora, especialmente em educação, saúde, alimentação, habitação. Isso enfureceu os velhos setores dominantes venezuelanos. Também o governo direitista espanhol, então comandado por Aznar, se incomodava. Porque a Espanha, ainda que há muito derrubada de sua condição de potência colonialista na América Latina, mantém grandes investimentos e desenvolve grande influência política por aqui, na condição de país sub - imperialista.


Os americanos, auxiliados pelo governo de Aznar, conspiraram com as classes dominantes locais pela derrubada de Chávez em 2002. Deram o golpe, mas não levaram, impedidos por um levante popular associado a uma tomada de posição de parte das forças armadas em favor legalidade. Chávez reassumiu tendo muito mais clareza de quem eram e como atuavam os inimigos do povo venezuelano.
Aprofundou sua política de nacionalização do petróleo e de destinar os benefícios dessa riqueza para os mais pobres. Sabendo o tamanho da ameaça, tratou também de fortalecer as forças armadas venezuelanas, comprando armas para melhorar a qualidade da defesa do país, vizinho de uma super-armada e pró-americana Colômbia e de várias bases militares dos Estados Unidos. Como diz o velho ditado, "bobo é quem pensa que o inimigo dorme". Chávez também mudou as leis do país, promoveu a elaboração de uma nova Constituição, reformou a Justiça e o Parlamento, reforçando a participação popular.


Por tudo isso, Chávez é acusado de ditatorial. O interessante é que todas as mudanças promovidas por Chávez foram feitas à partir de eleições, plebiscitos e consultas à população. Desde 1998 realizaram-se dez eleições e plebiscitos no país. Nenhum governo em tempos atuais consultou tão freqüentemente a população como o venezuelano. Eleições cuja lisura não foi contestada por observadores internacionais.  Chávez ganhou todas e por larga margem. A oposição golpista, decidida a desmoralizar o regime político do país, esteve ausente de uma eleição. Comandou a abstenção, mas o povo votou em massa em Chávez e em seus candidatos ao Congresso. Resultado, com esse ato estúpido, apolítico, a oposição ficou sem representação nos poderes da República. E depois, saiu acusando Chávez de ditatorial.


 

Certamente Chávez tem lá seus defeitos. Mas para se adotar uma posição madura sobre ele e seu governo, para ver com clareza no meio desse tiroteio é preciso levar em conta o principal. Registro três aspectos:


1)Trata-se de um governo antiimperialista, construindo a independência de seu país e, por isso, um poderoso aliado de todos os povos latino-americanos na luta contra as políticas imperiais que nos empobrecem e mantêm dependentes. O Brasil e todos os outros países do continente têm sido beneficiados pelas posições e políticas do governo de Chávez.

2) Também é preciso ver que ele vem promovendo políticas de melhoria das condições de vida da população trabalhadora e mais pobre da Venezuela e estimulando seu desenvolvimento econômico.

3) Todas as grandes decisões de governo têm sido respaldadas em eleições legítimas. 
Atualmente, a irritação oligárquica contra Chávez alcança um novo ápice. Isso porque seu governo está propondo uma nova reforma constitucional. Uma das propostas é ampliar a possibilidade de reeleição do presidente da República. O povo venezuelano vai votar livremente e dizer se apóia ou não essa proposta. Se apoiar, Chávez poderá se reeleger outras vezes. E o povo venezuelano irá conferir no futuro se tomou uma decisão acertada ou não. É seu direito, é sua responsabilidade. Isso é democracia, é ou não é?


Ou democracia é comprar deputados e fazer passar uma emenda à Constituição no Congresso para permitir a reeleição do presidente, sem consultar a população, como fez FHC mudando a regra do jogo para ganhar um novo mandato em 1998? Isso é democracia ou é golpe? É golpe.  Mas para a imprensa oligárquica FHC é o democrata impoluto. E Chávez é que é ditador? Poupem-nos de tanta hipocrisia!

Autor: Carlos Azevedo,jornalista

11 novembro 2007

ANVISA interdita anticoncepcional Contracep

O anticoncepcional injetável contracep, da fabricante nacional EMS Sigma Pharma,teve sua venda proibida nacionalmente por 30 dias por determinação da ANVISA (agência nacional de vigilância sanitária). Em testes realizados pelo Instituto Adolfo Lutz verificou-se que a quantidade do hormônio sintético acetato de medroxiprogesterona presente em sua composição está reduzida em pelo menos 25% do prevista, o que certamente compromete sua eficácia na prevenção da gestação. As farmácias e drogarias devem retirar o medicamento das prateleiras e, segundo recomendação da anvisa, as mulheres que o utilizam há mais de quatro semanas devem procurar um médico para fazer teste de gravidez e usar preservativos até sair o resultado.

RESERVA ESTRATÉGICA

Agora se entende melhor o que pode ter motivado o presidente da República a perorar,em pleno debate sobre incertezas no fornecimento de gás natural,que era preciso "acreditar" que não haveria crise energética. Naquela altura, Lula já dispunha da informação que seu governo divulgaria com fanfarra no dia seguinte: a descoberta de uma província gigante de petróleo e gás -as estimativas vão de 5 bilhões a 8 bilhões de barris- no campo Tupi. Se esse potencial se confirmar, como parece provável, as reservas nacionais saltariam de chofre até 56%.

Não é pouca coisa. Mesmo que incapaz de aliviar a crise atual do gás e afastar o espectro de um apagão energético, pois a produção fica para 2014, seria tolo contemplar com descrédito a magnitude do achado. Basta mencionar que o campo, por conter óleo leve, a princípio permitiria interromper a importação desse tipo de petróleo, a qual custará US$ 5bilhões ao país neste ano.

Desaconselha-se o excesso de euforia, no entanto. A profundidade em que se encontra o óleo - 1.500m a 3.000 m de água,mais 3.000m a 4.000m de rocha - nada tem de trivial. A Petrobras dispõe de tecnologia para alcançar a camada pré-sal, como é chamado o estrato geológico em que se acha o combustível.Estima-se que a exploração na nova fronteira de 4.500 m a 7.000 m custe até três vezes mais que o usual em águas profundas.

Muita pesquisa será necessária,assim, para tornar competitivo o óleo de acesso difícil. Quando a tecnologia estiver madura,os preços vigentes no mercado internacional dirão se o campo será viável também do ponto de vista econômico. Na pior hipótese,Tupi poderia ficar inexplorado,como reserva estratégica.

Precisamente por suas dimensões,o novo campo altera todo o panorama em que se realizam as licitações da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Demonstrando prudência, o Conselho Nacional de Política Energética decidiu, na mesma data da apresentação de Tupi, excluir da nova rodada de licitações da ANP aqueles 41 blocos em que há superposição com a nova província.Segundo a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, que comandou o anúncio, trata-se de defender "o interesse nacional".

É precipitado concluir que a medida seja "estatizante". De uma perspectiva pragmática,não faz sentido abandonar à discrição empresarial decisões sobre a exploração de um volume assim estratégico apenas três semanas depois de anunciá-lo. A descoberta do novo campo muda o status energético do país e deveria levar, também, a um amplo debate sobre a modalidade de exploração mais adequada ao interesse
nacional.

Editorial do Folha de São Paulo(10/11/2007)

25 outubro 2007

A nobreza do espírito humano não está na coragem com que recebemos o infortúnio.Mas na forma como o recebemos e, apesar de tudo, somos capazes de continuar.Mesmo quando o mundo nos parece perdido.

João Pereira Coutinho, colunista do Folha de São Paulo.

As cabeças mais frias são as mais exaltadas nas grandes ocasiões.

Voltaire

02 outubro 2007

TRIBUTO À LETÍCIA

Poucos são os seres pelos quais dedicamos tanto carinho. Ela foi um deles. Era muito especial para mim. Preenchia, de certa forma, um vazio. Todas as noites, assim que eu chegava, ela logo vinha em minha direção: pulando e alegremente me abraçando. Ainda lembro-me quando a trouxe para morar comigo. De muito valente a assustada, mas foi apenas na primeira noite.Nada mais natural, não poderia ser diferente, afinal de contas foi a primeira vez. Pouco tempo passado e ela crescia cada vez mais. E junto com o tempo o meu amor tornava-se muito grande. Nunca pensei que nossas vidas, juntos, fosse tão curta. Ela partiu e nunca mais nos veremos.

Foi uma partida inesperada. Sinto que poderia ter feito algo. Talvez se tivesse dedicado mais atenção na sua primeira gestação...Porém não cabe lamentação agora. Na vida nem sempre a coisas acontecem como queremos. As minhas noites,indubitavelmente, não serão as mesmas. As saudades ficam daquela que em muitas noites foi minha única companheira. Quero, portanto, neste espaço, eternizar meu amor pela Letícia (apelido "Let") dizendo que suas lembranças são marcantes na minha alma. Um beijo, Letícia, daquele que sempre te amará. Este depoimento foi a melhor forma que encontrei par homenagear você, Letícia, minha eterna cadela vira-lata!!!!

Autor: Aliandro Carter.

 

09 setembro 2007

O hormônio do amor

A ciência nos surpreende a cada dia.Acaba de descobrir que o Viagra não é apenas o remédio milagroso capaz de devolver os mais relutantes mecanismos aos seus dias de alegria - o que já seria muito. Torna também o sujeito mais terno, sensível e humano, não somente com sua mulher ou namorada, mas de modo geral.


Isso foi constatado há pouco em experiências feitas com ratos na Universidade de Wisconsin-Madison (EUA). Os cientistas usaram ratos que ultimamente vinham apresentando problemas de ereção, tédio conjugal e irritabilidade social.


Submetidos ao Viagra, observou-se que esses ratos, em sua maioria, dedicaram-se a abraçar e beijar carinhosamente suas fêmeas depois do ato sexual. Nenhum deles acendeu um cigarro ou se virou para o canto e começou logo a roncar, como costuma ser a norma entre ratos. Os cientistas viram também como muitos dos ratos pesquisados superaram o tradicional egoísmo e se seguraram até que suas companheiras tivessem prazer. E, para completar, houve ratos que, minutos depois do ato, saltaram da cama e foram alegremente para a cozinha lavar os pratos do jantar.


Nada de misterioso nisso, e engana - se quem pensa que o Viagra é só uma versão "high tech" do chá de catuaba ou da sopa de piranha. Na verdade, é um dos nomes comerciais do genérico sildenafil, substância que triplica a liberação da oxitocina no cérebro. A qual, por sua vez, é um hormônio chamado na intimidade de "hormônio do amor", por sua influência na construção de laços afetivos entre os indivíduos.


Mas é cedo para tirar conclusões definitivas. As experiências feitas até agora se limitaram aos ratos. E,quando se trata de tentar aperfeiçoar suas relações afetivas, o ser humano, como sabemos, é um osso duro de roer.


Autor: Ruy Castro

12 agosto 2007

MISTÉRIOS


 

Sono Profundo

Noite Silenciosa

Sol Ardente

Lua Brilhante

Céu Imenso

Nuvem Cinzenta

Sonho Indistinguível

Coração Sombrio

Cérebro Indescritível

Tempo Fluxível

Luz Onda-Partícula

Universo Inflacionário

Matéria Escura

Estrela Longínqua

Flutuação Quântica

Vida Finita

Morte Indomável

Deus Eterno

Horizontes Sem Fim!

02 agosto 2007

Desastre Humanitário

A aventura do governo de George W. Bush no Iraque é séria candidata ao título de maior desastre político-militar das últimas décadas.

A intervenção, cujos objetivos declarados eram livrar o mundo das armas de destruição em massa do ditador Saddam Hussein e levar a democracia, o respeito aos direitos humanos e a prosperidade ao Iraque, revelou-se um completo engodo por qualquer ângulo que se análise.

As armas de destruição em massa não existiam, e a invasão lançou o país numa guerra sectária que já reclamou a vida de cerca de 70 mil civis iraquianos. A violência diuturna mina os esforços para a formação de um governo efetivo e faz o país mergulhar numa crise humanitária sem precedentes.

Relatório recém-divulgado pela ONG britânica Oxfam traça um panorama sombrio. Cerca de 40% da população se encontra abaixo da linha de pobreza e 15% não têm o que comer regularmente. A subnutrição já atinge 28% das crianças iraquianas, contra 19% antes da invasão (2003), época em que a situação já se encontrava bastante deteriorada pelos dez anos de embargo internacional contra a ditadura de Saddam Hussein.

mente. A subnutrição já atinge 28% das crianças iraquianas, contra 19% antes da invasão (2003), época em que a situação já se encontrava bastante deteriorada pelos dez anos de embargo internacio'nal contra a ditadura de Saddam Hussein.

Também é inquietante que 4 milhões de iraquianos (15% da população) tenham se tornado refugiados, 2 milhões no exterior (principalmente na Síria e na Jordânia) e 2 milhões no próprio Iraque. São os que enfrentam as condições mais precárias.

A prova final do fiasco iraquiano está na incapacidade dos Estados Unidos de recomporem a infra-estrutura do país. Apesar de a Casa Branca gastar US$ 2 bilhões por semana no Iraque (consideradas apenas as despesas militares e com a reconstrução), 70% dos iraquianos não têm acesso a água potável (eram 50% em 2003) e os bagdalis ainda recebem apenas duas horas de eletricidade por dia. E a situação, vista de hoje, só tende a piorar.

Editorial da Folha (01/08/07).

18 julho 2007

Pressão fracionada

É ilógico esperar que a indústria de remédios faça investimentos para vender menos. De modo análogo, farmácias e drogarias, que são remuneradas com uma porcentagem do valor de suas transações, tampouco têm interesse em que o mercado de medicamentos fracionados se torne uma realidade.

A venda fragmentada, que permite ao paciente adquirir a quantidade exata de remédio de que precisa, é boa para a saúde pública e para o consumidor, que pouca condição tem de influir nesse mercado. Daí a necessidade de o poder público exigir da indústria que coloque medicamentos fracionados nas prateleiras das farmácias.

Preocupa a aprovação pela Câmara dos Deputados de um substitutivo ao projeto de lei de medicamentos fracionados que dispensa os laboratórios da obrigatoriedade de produzi-los. Se o mecanismo não for reintroduzido, a venda na dose desejada pelo consumidor não sairá do papel.

A idéia de fracionar os medicamentos é inatacável. O paciente economiza por não comprar remédios desnecessários -gastar menos com drogas também é sinônimo de maior aderência ao tratamento. Ao deixar de estocar em casa sobras de remédios, o consumidor fica menos sujeito a riscos como a automedicação e a ingestão involuntária.

Esse último ponto pode parecer desimportante, mas não é. Dados do Centro de Assistência Toxicológica (Ceatox) do Hospital das Clínicas da USP indicam que pouco mais de 45% dos quadros de intoxicação assistidos pelo órgão são provocados por remédios, que superam em muito itens como produtos químicos, materiais de limpeza, agrotóxicos e drogas ilícitas.

É preciso que o Brasil siga os bons exemplos do mundo e desenvolva seu mercado de fracionados. E o único modo de fazê-lo é criar a oferta e estimular médicos e consumidores a procurá-la.

Editorial Folha de São Paulo (17/jul/2007)

13 julho 2007

Ninho de bactérias


Estudo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) divulgado pela Folha mostra que infecções comuns em UTI’s e hospitais do país vêm sendo tratadas com antibióticos inadequados, devido ao fenôme­no da resistência bacteriana.

Embora preocupante, a notícia não é uma novidade. A resistência de bactérias a antibióticos é a prova viva de que a teoria da evolução postulada por Charles Darwin no século 19 está correta. De resto, quanto mais de ponta for uma UTI, maiores tendem a ser suas dificuldades com microrganismos resistentes.

Um meio de enfrentar o problema é ampliar iniciativas como a da Anvisa de traçar o perfil de resistência das bactérias, possibilitando ao médico entrar antes com a droga mais indicada. Vale lembrar que o uso indiscriminado de antibióticos - em especial os de amplo espectro - é um dos fatores que mais favorecem o surgimento da resistência.

O elenco de medidas possíveis não pára aí. Alguns hospitais já exigem que o médico justifique em formulário específico a escolha de determinada droga. Ela só será ministrada se a comissão de controle de infecção da instituição aprovar a conduta.

Também seria interessante voltar a utilizar antibióticos antigos. Como a manutenção da resistência implica um custo energético para as bactérias, ela não costuma ser mantida por muitas gerações. Drogas que deixaram de funcionar podem voltar a fazê-lo a melhor preço do que o dos novos fármacos promovidos pelos laboratórios - política comercial de assédio aos médicos que também favorece o uso inadequado de antibióticos.

Essas são apenas algumas das várias medidas documentadas na literatura. Só que todas elas perdem muito da eficiência por­ que profissionais de saúde mui­tas vezes ainda descuidam do básico, como a necessidade de lavar bem as mãos antes e depois de atender cada paciente.

Editorial do Jornal Folha de São Paulo
"A idéia que não procura converter-se em palavra é uma má idéia; e a palavra que não procura converter-se em ação é uma má palavra".
Gilbert Keith Chesterton, escritor inglês
Senhora Liberdade

Uma senhora não merece assobios.Questão de educação. Ou, como dizia Wilde pela boca de um personagem, as manei­ras são anteriores à moral. O público que esteve presente no circo das Se­te Maravilhas do Mundo não con­corda com a tese e visivelmente não aprendeu as maneiras em casa. Bas­tou esperar pelo momento em que a Estátua da Liberdade, indicada para a lista final, apareceu nos écrans do estádio da Luz, em Lisboa. O estádio desabou em apupos e pateadas. Co­mo na canção, "the lady is a tramp".

Pena. Concordo que a Estátua da Liberdade não é prodígio escultóri­co ou arquitetônico. Ao vivo, é até um poderoso anticlímax. Tamanho pequeno. Tosca de formas. Inex­pressiva como objeto artístico. Comparada com os eleitos, perde em pontuação técnica ou estética, apesar de seis deles serem produto de sociedades bárbaras ou escrava­gistas - um pormenor histórico que não incomoda as consciências humanitárias (e antiamericanas) do público. Ou julgavam que a China imperial, a Índia muçulmana, as ci­vilizações maia e inca, os nabateus do Oriente Médio e a Roma dos Cé­sares eram um parque de diversões?

Mas a Estátua da Liberdade não é, em rigor, uma estátua Ela é um sím­bolo, uma história, uma promessa
: a promessa de que, apesar de tudo, e de tanto, seria sempre possível reco­meçar. Eis a promessa que recebeu milhões de seres humanos na chega da a Ellis Island. E que tinham na es­tátua – tamanho pequeno, tosca de formas, inexpressiva como objeto artístico - a primeira senhora gentil em dias ou meses de viagem agreste. Nos filmes de Coppola ou nas pági­nas de McCourt, a estátua confun­de-se com o olhar grato do imigran­te que a encontra pela primeira vez, ou pela milésima vez, contando com todas as vezes em que ela aparecia nos sonhos.

A estátua era um porto de chega­da, sim. Mas era também um porta de partida: a última visão de casa pa­ra meio milhão de rapazes que não regressaram da Europa. Cem mil não regressam em 1918. Quatro­centos mil não regressaram em 1945. Mas a Europa já esqueceu es­ses tempos sombrios em que, sitiada por uma máquina de guerra desu­mana e brutal, olhava para essa está­tua - tamanho pequeno, tosca de formas, inexpressiva como objeto artístico - e esperava que uma tocha de liberdade a viesse salvar e iluminar. Como, na verdade, ela veio. Duas vezes.

E para quê?

Para nada: em direto da capital do meu país, a ignorância e a bestialida­de da multidão mostraram e com­provaram ao mundo como foi inútil o sacrifício. E como o ódio à América não se distingue,hoje, de um ódio à humanidade: essa humanidade que, falando italiana ou alemão, portu­guês ou francês, iídiche ou japonês, foi acolhida pelo mais nobre, e também por isso o mais belo, de todas as monumentos possíveis.

Disse que as maneiras são anterio­res à moral. Mas, quem não tem ma­neiras, não tem moral. A memória da Europa não é apenas curta. É curta e ingrata. Nessa ingratidão, existe a marca do seu caráter. Mas existe também o prenúncio do seu triste e solitário futuro.

Autor: João Pereira Coutinho, colunista da Folha de São Paulo.

12 julho 2007

Até onde chegamos

No planeta, ao contrário do que sugerem alguns, há espaço para que todos convivam de forma pacífica e decente. A terra garante víveres pra toda nossa geração. O problema é que no afã de atingir esse nível de vida fomos buscando veredas que acabaram por nos levar a perder o caminho adequado.
A avareza invadiu a mente humana, corrompendo o homem e levando-o a um estado permanente de ódio, miséria e sangue. Somos escravos da nossa própria criação. A industrialização aumentou a produção e com isso também a ambição. O avanço científico tornou – nos prepotentes. A nossa intelectualidade distanciou – nos dos sentimentos mais gregários, criando seres selvagens
Há no mundo uma carência enorme de humanismo, há excesso no pensar e falta no sentir. É preciso repensar nossos ideais e utopias, mas acima de tudo é urgente a difusão de afabilidade e benevolência. Caso contrário, não reencontraremos o caminho correto, perdido em veredas, e a vida ficará aprisionada num círculo de desavenças e conflitos.

30 junho 2007

“Um cara desses"

Quando os filhos são pequenos, chutam a canela da empregada, e os pais acham "natural", fingem que não vêem. Já maiores um pouco, comem o que querem, na hora em que querem, não falam nem bom-dia para o porteiro e desrespeitam a professora. Na adolescência, vão para o colégio mais caro, para o judô, para a natação, para o inglês e gastam o resto do tempo na praia e na internet. Resolvido.
Dos pais, ouvem sempre a mesma ladainha: o governo não presta, os políticos são todos ladrões, o mundo está cheio de vagabundos e vagabundas. "E quero os meus direitos!" Recolher o INSS da empregada, que é bom, não precisa.
E assim que os filhos, já adultos, saudáveis, em universidades, são capazes de jogar álcool e fósforo aceso num índio, pensando que era "só um mendigo", ou de espancar cruel e covardemente uma moça num ponto de ônibus, achando que era "só uma prostituta".
A perplexidade dos pais não é com a monstruosidade, mas com o fato de que seu anjinho está sujeito -em tese -às leis e às prisões como qualquer pessoa: "Prender, botar preso junto com outros bandidos? Essas pessoas que têm estudo, que têm caráter, junto com uns caras desses?", indignou-se Ludovico Ramalho Bruno, pai de Rubens, 19.
Dá para apostar que ele votou contra o desarmamento, quer (no mínimo) "descer o pau em tudo quanto é bandido" e defende a redução da maioridade penal. Cadeia não é para o filho, que tem estudo e dinheiro, um futuro pela frente. É para o garoto do morro, pobre e magricela, que conseguir escapar dos tiroteios e roubar o tênis do filho.
Isso se resolve com o Estado sendo Estado, com justiça, humanidade e educação -não só com ensino para todos e professores mais bem treinados e mais bem pagos, mas também com a elementar compreensão de que "o problema", e os réus, não são os pobres. Ao contrário, eles são as grandes vítimas.

Autora: Eliane Cantanhêde. Fonte: Folha de São Paulo.
“Matar o sonho é matar-nos. É mutilar a nossa alma. O sonho é o que temos de realmente nosso, de impenetravelmente e inexpugnavelmente nosso”
Fernando Pessoa

A farsa da estabilidade do Real

As declarações do presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), economista Luciano Coutinho, jogou por terra o único discurso tucano – fernandista, ainda vivo, de que o Plano Real proporcionou a estabilidade econômica do país.
De acordo com o presidente do BNDES o Plano Real propiciou, na verdade, “quase uma falsa estabilização” e que esta, de fato, só veio a partir de 2005 com o aumento substancial das reservas internacionais (US$ 145,5 bilhões), redução da vulnerabilidade externa e equilíbrio das contas públicas que resultaram num cenário de estabilização da taxa de câmbio e de previsibilidade de médio prazo quanto à inflação.
Essa análise certamente deplumou os tucanos, mas não deve ser motivo de gozação para petistas, visto que, diferentemente de tempos pretéritos, o mundo vive um momento exuberante economicamente e isso se reflete em praticamente todas as economias emergentes. Ademais, esse ambiente favorável deveria ser aproveitado para, enfim, realizar-se as reformas há tanto proteladas, e ao que tudo indica o atual governo não está disposto a fazê-las a despeito de toda sua popularidade.

Letras Curiosas

De aorcdo com uma pqsieusa de uma uinrvesridde ignlsea, não ipomtra em qaul odrem as lrteas de uma plravaa etejasm, a úncia csioa iprotmatne é que a piremria e útmlia etejasm no lgaur crteo. O rseto pdoe ser uma ttaol baguçna que vcoê pdoe anida ler sem pobrlmea. Itso é poqrue nós não lmeos cdaa lrtea isladoa, mas a plravaa cmoo um tdoo. Cruisoo, não ahca?
Fonte: Revista +Atitude.

29 junho 2007

“A dúvida é um dos nomes da inteligência”
Jorge Luís Borges
“Muitas vezes é melhor apresentar a Verdade coberta de enfeites. É mais fácil encará-la se nos aparecer disfarçada”.
Autor desconhecido

22 junho 2007

"O bravo não é quem não sente medo, mas quem vence esse medo."
Nelson Mandela

05 fevereiro 2007

"Que ninguém se iluda de que a simples ausência de guerra, mesmo sendo tão desejada, seja sinônimo de uma paz verdadeira. Não há verdadeira paz sem vir acompanhada de igualdade, verdade, justiça, e solidariedade."

João Paulo II

31 janeiro 2007

O dia dos direitos humanos e a pobreza

A pobreza é, freqüentemente, uma causa e, ao mesmo tempo, uma conseqüência das violações dos direitos humanos. E, no entanto, a ligação entre a carência extrema e os abusos continuam à margem dos debates sobre políticas e estratégias de desenvolvimento.Neste ano, a fim de chamar a atenção para essa correlação crucial, mas muitas vezes ignorada, o Dia dos Direitos Humanos, celebrado hoje, é dedicado à luta contra a pobreza. Deveria constituir não só uma oportunidade para refletir, mas também um apelo para que os governos, bem como as comunidades ativas nas áreas dos direitos humanos e do desenvolvimento, tomem medidas para assegurar que todos tenham uma vida digna.

Todos os direitos humanos são importantes para os pobres porque a miséria e a exclusão estão ligadas à discriminação, a um acesso desigual aos recursos e às oportunidades e a estigma social e cultural.O fato de os direitos dos pobres lhes serem negados faz com que lhes seja mais difícil participar do mercado de trabalho e ter acesso a serviços básicos e recursos. Em muitas sociedades, são impedidos de gozar os seus direitos à educação, à saúde e à habitação simplesmente porque os recursos de que dispõem não permitem. Isso dificulta a sua participação na vida pública, a sua capacidade de influenciar as políticas que os afetam e de obter reparação das injustiças de que são alvo.A pobreza significa não só rendimento e bens materiais insuficientes, mas também uma falta de recursos, oportunidades e segurança que mina a dignidade e exacerba a vulnerabilidade dos pobres. A pobreza também tem a ver com poder: quem o detém e quem não o detém, tanto na vida pública como no seio da família. Para compreender e atacar mais eficazmente padrões enraizados, de discriminação, desigualdade e exclusão que condenam indivíduos, comunidades e povos a gerações sucessivas de pobreza é indispensável chegar ao âmago das redes complexas de relações de poder nas esferas política, responsabilidade de quem a sofre.

Uma abordagem global dos direitos humanos não se limita a abordar as idéias erradas e os mitos em torno dos pobres, ajudando antes - o que é ainda mais importante - a encontrar vias sustentáveis e eqüitativas para sair da pobreza Ao reconhecer que recai sobre os Estados a obrigação de proteger as suas populações da pobreza e da exclusão, essa abordagem faz ressaltar a responsabilidade dos governos pela criação de um ambiente que fomente o bem-estar público.Também permite que os pobres ajudem a formular políticas para a realização dos seus direitos e tentem obter reparação quando o sofrem abusos.

Essa abordagem tem sólidos fundamentos jurídicos. Todos os Estados ratificaram pelo menos 01(um) dos 07(sete) principais tratados sobre direitos humanos e 80% ratificaram quatro deles ou mais. Além disso, a comunidade mundial aprovou os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, que fixam, metas para esforços internacionais destinados a resolver o problema da pobreza e da marginalização.Independentemente das limitações econômica e social.Contudo, a pobreza é, com freqüência, vista como uma situação lamentável, mas acidental; ou como uma conseqüência m evitável de decisões e acontecimentos ocorridos noutros lugares; ou como sendo da exclusiva limitação de recursos, os Estados podem tomar medidas para combater a pobreza.E os Estados que estão em condições de prestar assistência deveriam tomar a iniciativa de ajudar.

A indiferença e uma visão estreita dos interesses nacionais podem ter efeitos tão negativos sobre os direitos humanos e o desenvolvimento quanto à discriminação.No ano passado, o presidente do Banco Mundial, Paul Wolfowitz, afirmou que "não é moralmente justificável que os países ricos gastem 280 bilhões de dólares -quase o PIB total da África e o equivalente ao quádruplo do total da ajuda externa para apoiar os produtores agrícolas".Num de seus últimos discursos como secretário-geral da ONU, Kofi Annan afirmou que considerava a ênfase dada à luta contra a pobreza uma das maiores realizações de seus mandatos.Sublinhou a profunda vulnerabilidade e os ataques à dignidade humana que acompanham a pobreza. É, mais importante, identificou os direitos humanos, a segurança e o desenvolvimento como' elementos mais pensáveis de um mundo em que todos possam viver em maior liberdade.Dado que um em cada sete habitantes do planeta passa fome, essa liberdade depende da nossa capacidade de vencer a pobreza como um dos problemas de direitos humanos mais graves do nosso tempo.

Autor: LOUISE ARBOUR, 59, formada em direito na Universidade de Montreal (Canadá), doutora honoris causa de 27 universidades, é a alta comissária para os Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas).

30 janeiro 2007

Por que a Veja mente, mente, mente, desesperadamente?

Veja é a pior revista do Brasil. Não é um título fácil de obter, porque ela tem duros competidores – Istoé, Época, Caras, Istoé Dinheiro, Quem? etc. etc. Mas Veja se esmera na arte da vulgaridade, da mentira, do sensacionalismo, no clima de "guerra fria", em que defende as cores do bushismo no Brasil. A revista, propriedade privada da família Civita, merece o galardão.

Todo país tem esse tipo de publicação extremista, que defende hoje prioritariamente os ideais dos novos conservadores estadunidenses. Herdam os ideais da guerra fria, se especializam em atacar a esquerda, reproduzem as mesmas matérias internacionais e as bobagens supostamente científicas sobre medicamen­tos, tratamentos de pele, de problemas psicológicos, de educação, para tentar passar por uma revista que atende necessidades da família.

Seus colunistas são o melhor exemplo da vulgaridade e da falsa cultura na imprensa brasileira. Uma lista de propagandistas do bushismo, escolhidos seletivamente, reunindo de escritores fracassados a ex-jornalistas aposentados, de autores de auto-ajuda a profissionais mercantis da educação, misturando e mesclando esses temas em cada uma das colunas e nos editoriais do dono da revista. Uma equipe editorial de nomes desco­nhecidos cumpre a função de "cães de guarda" dos inte­resses dos ricos e poderosos - que, em troca, anunciam amplamente na revista - de plantão.

O MST, o PT, a CUT, os intelectuais críticos são seus alvos prioritários no Brasil. Para isso têm de desqualifi­car o socialismo, Cuba, a Venezuela, assim como tudo o que desminta o Consenso de Washington, da qual é o "diário oficial" no Brasil.

Só podem fazer isso mentindo. Mentindo sobre o trabalho do MST com os trabalhadores do campo, nas centenas de assentamentos que acolhem centenas de milhares de pessoas, famílias que viveram secularmente marginalizadas no Brasil. Têm de esconder o funcionamento do sistema escolar nacional que o MST organização, responsável, entre outras tantas façanhas, por ter feito mais pela alfabetização no Brasil do que todos os programas governamentais. A Veja não sabe o que é agricultura familiar, com sua mentalidade empresarial se soma ao agronegócio, aos trangênicos e à agricultura de exportação. Ao desconhecer tanta coisa, a Veja tem de mentir para esconder tudo isso dos leitores, passando uma imagem bushiana do MST.

Mentem sobre Cuba, porque escondem que nesse país se produziu a melhor saúde pública do mundo, que ali não há analfabetos, funcionais ou não, que por lá todos têm acesso - além de saúde, educação, casa própria - a cultura, esporte, lazer. Que o IDH de Cuba é bastante superior ao brasileiro.

A Veja tem de mentir sobre a Venezuela, país em que se promove a prioridade do social, com um quarto dos recursos obtidos com o petróleo irrigando os pro­gramas sociais. Que o governo de Hugo Chávez triun­fou sobre a mídia privada golpista - as Vejas de lá -, pelo apoio popular que granjeou, quando a Veja, defa­sada, como sempre, já noticiava na sua capa a queda de Chávez. Depois, o governo venezuelano derrotou a oposição em referendo previsto na Constituição da­quele país, em que os eleitores, no meio do mandato, se pronunciam sobre a continuidade ou não do governo, em um sistema mais democrático que em qualquer ou­tro lugar do mundo.

A Veja mente sobre os efeitos da globalização neoli­beral, que concentrou renda como nunca na história da humanidade, que canaliza recursos do setor produtivo para o especulativo, que cassa os direitos básicos da grande maioria da população, que não retomou o cres­cimento econômico, como havia prometido.

A Veja mente quando anunciou a morte do PT, no mesmo momento em que mais de 300.000 membros do partido, demonstrando vigor inigualável em qualquer outro partido, foram às urnas escolher, por eleição dire­ta, seus novos dirigentes, apesar da ruidosa e sistemáti­ca campanha da mídia bushista brasileira.

A Veja mente para tentar demonstrar que a política ex­terna brasileira é um fracasso, quando ninguém, dentre os comentaristas internacionais, daqui ou de fora, acha isso. Ao contrário, a formação do Grupo dos 20 na última reu­nião da OMC, o bloqueio ao início de funcionamento da ALCA são lamentados pela revista bushista.

A Veja mente, mente, mente, desesperadamente, porque suas verdades são mentiras, porque represen­ta o conservadorismo, a discriminação, a mentalidade mercantil, a repressão, a violência, a falsa cultura, a vul­garidade - enfim, o que de pior o capitalismo brasileiro já produziu. Choca-se com o humanismo, a democracia, a socialização, os interesses públicos. Por isso, para "fa­bricar consensos" - conforme a expressão de Chomsky, a Veja mente, mente, mente, desesperadamente.

Autor: Emir Sader – jornalista, escritor e sociólogo.

Fonte: www.carosamigos.com.br

28 janeiro 2007

O combate ao mau hálito

O combate ao mau hálito

Estudos ajudam a compreender melhor as causas de um problema que pode dificultar, ou até mesmo destruir, relacionamentos pessoais.

O mau hálito, flagelo antigo das relações pessoais, emerge como assunto de interesse científico capaz de atrair a atenção de bacteriologistas, fisiologistas, químicos e psicólogos. Mel Rosemberg, microbiologista canadense que trabalha na Universidade de Tel-Aviv, publicou uma revisão sobre o tema na revista Scientific American.
Cerca de 85% a 90% dos casos de halitose se originam na boca, um ecossistema no qual vivem centenas de espécies de bactérias com diferentes necessidades nutricionais. Quando essa flora digere proteínas, podem ser liberadas substâncias que têm mau cheiro. Entre elas: gás sulfídrico, resultante do metabolismo anaeróbico (cheiro de ovo estragado), escatol (substância também encontrada nas fezes), cadaverina (associada à decomposição de corpos), putrescina (à decomposição de carne) e ácido isovalérico, também presente no suor dos pés. A mistura dos odores dessas substâncias não costuma ser percebida pelos portadores de halitose, mas provoca repulsa nos que se relacionam com eles.
Pesquisas recentes de Walter Loesche, na Universidade de Michigan, demonstraram que os microrganismos presentes na língua são diferentes dos da placa dentária. Estudando pessoas saudáveis com halitose, o grupo de Loesche mostrou que a principal região anatômica responsável pela halitose não é a placa dentária, como se pensava, mas a área mais posterior da língua, no fundo da cavidade oral.
A explicação é simples: essa região recebe um fluxo diminuído de saliva e contém grande número de pequenas criptas (invaginações), nas quais as bactérias podem esconder-se. Nesse local privilegiado, elas digerem as proteínas de restos alimentares aí retidos e as contidas no muco que goteja imperceptível dos seios da face na direção da faringe (gotejamento pós-nasal). Esse gotejamento persistente é encontrado em cerca de 25% da população urbana, como resultado de alergias, poluentes químicos e processos inflamatórios das mucosas nasais e dos seios da face (sinusites).
Outra causa de halitose com origem na boca é a má conservação dos dentes, inflamação das gengivas, restos alimentares entre os dentes e abscessos. De 5% a 10% dos casos são provocados por inflamações das fossas nasais; 3% têm sua origem em processos infecciosos localizados nas amídalas e apenas 1% em outras localizações. Rarissimamente o estômago ou outras partes do aparelho digestivo estão envolvidos na halitose.
Como a saliva contém substâncias bactericidas e seu fluxo contínuo se encarrega de "lavar" mecanicamente a cavidade oral, qualquer evento que provoque ressecamento da boca pode ser causa de mau hálito: jejum prolongado, desidratação, respirar pela boca, falar por muito tempo, ar condicionado, estresse e centenas de medicamentos.
O cigarro pode provocar halitose porque resseca a boca, piora as condições das gengivas, aumenta o gotejamento pós-nasal e deixa um resíduo que perverte o aroma bucal.
Medidas de controle

- Com delicadeza, procure escovar a parte de trás da língua. Evite machucá-la, apenas remova a camada de muco. Com a prática, o reflexo de vômito diminui.
- Tome um bom café da manhã para "limpar" a cavidade oral e manter um fluxo adequado de saliva.
- Mantenha a boca úmida. Tome quantidades razoáveis de líquido. Mascar chiclete (sem açúcar) por alguns minutos pode ajudar.
- Soluções comerciais para gargarejo são úteis porque reduzem o número de bactérias presentes na parte posterior da língua, mas seu efeito é de curta duração.
- Lave a boca depois de ingerir alimentos ricos em odor como alho, cebola, café e molhos com curry.
- Escove os dentes e passe fio dental para remover restos alimentares, especialmente depois de refeições ricas em proteínas.
- Receitas populares como mascar canela, cravo e semente de anis, para "refrescar" o hálito, costumam ser úteis, porque as moléculas contidas nessas plantas têm atividade bactericida.
FONTE: http://drauziovarella.ig.com.br/