O rei de Espanha mandou o presidente da Venezuela calar-se. A euforia tomou conta de todas as direitas, mas também deixou confusa muita gente boa. O que Chávez havia dito durante a Conferência da Comunidade dos Países Íbero - americanos? Que o ex-primeiro-ministro espanhol, Aznar, é um fascista. O atual primeiro ministro da Espanha, Zapatero tomou a palavra para dizer que, embora tendo grandes divergências políticas com Aznar, achava que ele devia ser tratado com respeito. Zapatero não podia fazer diferente, tinha que se manifestar, porque sabia que seria cobrado na Espanha se houvesse se mantido em silêncio diante da crítica pública de Chávez. O que fez Chávez enquanto Zapatero falava? Mesmo tendo o som cortado, continuou a falar paralelamente, interrompendo Zapatero, insistindo em seus argumentos contra Aznar, lembrando que este havia apoiado o golpe de Estado que derrubou Chávez do poder por dois dias em 2002 (por ordem de Aznar o embaixador da Espanha foi o primeiro a reconhecer o governo golpista)... Chávez estava cheio de razão, mas, como muitas vezes, foi impulsivo, deselegante, infringindo a etiqueta da diplomacia etc. Nesse momento, impaciente, o rei Juan Carlos exclamou: "por que não se cala?" A imprensa das classes dominantes do Brasil exultou e aproveitou para achincalhar Chávez mais uma vez.
Por que tanta animosidade contra Chávez? Vejamos: quando Chávez foi eleito presidente da República pela primeira vez, em 1998, a Venezuela estava em falência política, suas classes dominantes, mergulhadas em profunda corrupção, desmoralizadas, não conseguiam mais governar. A maior riqueza do país, o petróleo, entregue às multinacionais de petróleo americanas, era partilhada por estas com as elites tradicionais e a alta classe média, ambas americanizadas, vivendo mais nos Estados Unidos que em seu país, seus filhos indo em massa estudar na Flórida, falando mais inglês que espanhol, acostumados todos a ver a Venezuela como uma fazenda de onde extraiam sua boa vida.
A Venezuela é o terceiro maior produtor de petróleo do mundo e exporta a maior parte da produção para os Estados Unidos. Chávez começou por questionar a dominação americana sobre o petróleo. Procurou fortalecer a capacidade de negociação da PDVSA (a empresa estatal venezuelana) com as multis. Além disso, constatando que as políticas das grandes potências haviam levado à redução brutal do preço internacional do petróleo (chegou a menos de 20 dólares o barril de 60 litros, isto é, petróleo estava mais barato que água mineral), assumiu a presidência da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) e desenvolveu uma política de valorização do preço do óleo. Isso causou ódio e remordimento nos Estados Unidos e nos outros países ricos.
Chávez também tratou de retirar das classes dominantes locais parte dos benefícios que recebiam do petróleo para poder investir na melhoria de condição de vida da população trabalhadora, especialmente em educação, saúde, alimentação, habitação. Isso enfureceu os velhos setores dominantes venezuelanos. Também o governo direitista espanhol, então comandado por Aznar, se incomodava. Porque a Espanha, ainda que há muito derrubada de sua condição de potência colonialista na América Latina, mantém grandes investimentos e desenvolve grande influência política por aqui, na condição de país sub - imperialista.
Os americanos, auxiliados pelo governo de Aznar, conspiraram com as classes dominantes locais pela derrubada de Chávez em 2002. Deram o golpe, mas não levaram, impedidos por um levante popular associado a uma tomada de posição de parte das forças armadas em favor legalidade. Chávez reassumiu tendo muito mais clareza de quem eram e como atuavam os inimigos do povo venezuelano.
Aprofundou sua política de nacionalização do petróleo e de destinar os benefícios dessa riqueza para os mais pobres. Sabendo o tamanho da ameaça, tratou também de fortalecer as forças armadas venezuelanas, comprando armas para melhorar a qualidade da defesa do país, vizinho de uma super-armada e pró-americana Colômbia e de várias bases militares dos Estados Unidos. Como diz o velho ditado, "bobo é quem pensa que o inimigo dorme". Chávez também mudou as leis do país, promoveu a elaboração de uma nova Constituição, reformou a Justiça e o Parlamento, reforçando a participação popular.
Por tudo isso, Chávez é acusado de ditatorial. O interessante é que todas as mudanças promovidas por Chávez foram feitas à partir de eleições, plebiscitos e consultas à população. Desde 1998 realizaram-se dez eleições e plebiscitos no país. Nenhum governo em tempos atuais consultou tão freqüentemente a população como o venezuelano. Eleições cuja lisura não foi contestada por observadores internacionais. Chávez ganhou todas e por larga margem. A oposição golpista, decidida a desmoralizar o regime político do país, esteve ausente de uma eleição. Comandou a abstenção, mas o povo votou em massa em Chávez e em seus candidatos ao Congresso. Resultado, com esse ato estúpido, apolítico, a oposição ficou sem representação nos poderes da República. E depois, saiu acusando Chávez de ditatorial.
Certamente Chávez tem lá seus defeitos. Mas para se adotar uma posição madura sobre ele e seu governo, para ver com clareza no meio desse tiroteio é preciso levar em conta o principal. Registro três aspectos:
1)Trata-se de um governo antiimperialista, construindo a independência de seu país e, por isso, um poderoso aliado de todos os povos latino-americanos na luta contra as políticas imperiais que nos empobrecem e mantêm dependentes. O Brasil e todos os outros países do continente têm sido beneficiados pelas posições e políticas do governo de Chávez.
2) Também é preciso ver que ele vem promovendo políticas de melhoria das condições de vida da população trabalhadora e mais pobre da Venezuela e estimulando seu desenvolvimento econômico.
3) Todas as grandes decisões de governo têm sido respaldadas em eleições legítimas.
Atualmente, a irritação oligárquica contra Chávez alcança um novo ápice. Isso porque seu governo está propondo uma nova reforma constitucional. Uma das propostas é ampliar a possibilidade de reeleição do presidente da República. O povo venezuelano vai votar livremente e dizer se apóia ou não essa proposta. Se apoiar, Chávez poderá se reeleger outras vezes. E o povo venezuelano irá conferir no futuro se tomou uma decisão acertada ou não. É seu direito, é sua responsabilidade. Isso é democracia, é ou não é?
Ou democracia é comprar deputados e fazer passar uma emenda à Constituição no Congresso para permitir a reeleição do presidente, sem consultar a população, como fez FHC mudando a regra do jogo para ganhar um novo mandato em 1998? Isso é democracia ou é golpe? É golpe. Mas para a imprensa oligárquica FHC é o democrata impoluto. E Chávez é que é ditador? Poupem-nos de tanta hipocrisia!
Autor: Carlos Azevedo,jornalista
Oi aliandro,
ResponderExcluirTmb concordo que as politicas pró povo venezuelano são ate certo ponto admiraveis, como a universidade venezuelana de facil acesso a pessoas carentes e outras como os medicos cubanos, mas a "filosofia de trabalho" digamos assim é sim questionavel e por vezes repudiavel, como no caso da imprensa. por mais q a tv la seja contra ele a população tem o direito de ver dois lados, errado ou nao o povo deve decidir em quem acreditar, não acha?!
A ideologia que ele impoe a sociedadeé terrivel, é uma verdadeira lavagem cerebral.
A falta de tolerancia dele e de seus comuns são intoleraveis (sic).
E quanto a questao do povo, Hitler tmb chegou ao poder nos braços do povo, é preciso ter muito cuidado com isso. A massa pobre é muito facil de ser manipulada (pq sera q aqui no brasil tem tanto pobre e sem instrução e nao fazem nada???).
Por isso sou tao reticente com Chavez, nao sei prefiro esperar pra ver.
falow abraços!!!!
Bruno Lourenço
Ótimo comentário! obrigado.
ResponderExcluirO que Chávez faz na Venezuela não é mágica! Ele fornece educação,cultura e progresso ao seu povo,qual o problema?? A riqueza da Venezuela não está apenas nos barris de petróleo que exporta,mais na dignidade de sua gente e sua força,coisa que no BRASIL virou raridade! A ditadura Lullista injetou nesse povinho a semente da covardia e da falta de indignação.Pagando 70 reais mensais em BOLSA-FAMÍLIA e fazendo do Congresso um balcão de negócios! PELO MENOS,Chávez faz seu país crescer e ter orgulho próprio,o resto É INVEJA DA ESQUERDALHA, E CIUMEIRA DOS DIREITISTAS CONSERVADORES !!!
ResponderExcluirO governo Chaves, está a passos largos no caminho da instalação de um governo autocrático, ditorial.
ResponderExcluirChaves encorajou o Moralles a estatizar a Petrobras lá na Bolivia, e afugentar capitais Brasileiros que estavam investindo na Bolivia.
Deixando o presidente do Brasil em uma situação muito delicada com o que aconteceu.
O Brasil não pode mais confiar no Sr. Hugo Chaves, e fazer parcerias com o governo dele, é o mesmo que apostar tudo em cavalo azarão.
Com o fechamento da RCTV, Chaves armou uma armadilha para o seu próprio governo, afugentando ainda mais os capitais, e aumentando a desconfiança com o seu governo, está se isolando cada vez mais, e será muito difícil que a médio prazo consiga reverter essa tendência.
Como a Venezuela depende de insumos e equipamentos que não fabrica e não tem tecnologia para isso, a carestia logo vai bater a porta dos mercados, e a falta de remédios pode ser uma delas.
Quem vai pagar a conta, como sempre, será a população mais carente. Pois quem tinha recursos, já se mandou de lá.
A história se repete.
Poucos Governos no mundo são objeto de campanhas de demolição tão carregadas de ódio como Hugo Chávez, presidente da Venezuela. Seus inimigos não tem vacilado ante nada: golpe de Estado, greve petroleira, êxodo de capitais, tentativas de atentados...
ResponderExcluirDesde os ataques de Washington contra Fidel Castro não se via uma irritação semelhante na América Latina.
Contra Chávez se divulgam as mais miseráveis calúnias, concebidas pelas novas oficinas de propaganda -National Endowment for Democracy, Freedom House- financiadas pela Administração do presidente de Estados Unidos George W. Bush. Dotada de recursos financeiros ilimitados, esta máquina de difamar manipula repetidores midiáticos (entre eles os diários de referência) e organizações de defesa dos direitos humanos, enroladas por sua vez ao serviço de desígnios tenebrosos. Sucede também, ruína do socialismo, que parte da esquerda social-democrata assume sua voz a este coro de difamadores.
Por que tanto ódio? Porque em momentos em que a social-democracia passa na Europa por uma crise de identidade, as circunstâncias históricas parecem haver confiado a Chávez a responsabilidade de assumir a condução a escala internacional da reinvenção da esquerda. Enquanto no velho continente a construção européia teve como efeito fazer praticamente impossível toda alternativa ao neoliberalismo, em Brasil, Argentina, Bolívia e Equador, inspirados pelo exemplo venezuelano, se sucedem experiências que mantém viva a esperança de realizar a emancipação dos mais humildes.
Nesse sentido o balanço de Chávez é espetacular. Compreende-se que se havia convertido em referência obrigada em dezenas de países pobres. Não re-fundou a nação venezuelana sobre una base nova, legitimada por una nova Constituição que garante o envolvimento popular na transformação social, sempre dentro do mais escrupuloso respeito da democracia e de todas as liberdades? (1). Não devolveu a uns cinco milhões de marginais, entre eles as populações indígenas, sua dignidade de cidadãos? Não recuperou a empresa pública Petróleos de Venezuela Sociedad Anónima (PDVSA)? Não desprivatizou e devolveu ao serviço público a principal empresa de telecomunicações do país assim como também a empresa de eletricidade de Caracas? Não nacionalizou os campos petrolíferos do Orinoco? Por último, não consagrou parte da renda petroleira para conseguir uma autonomia efetiva frente às instituições financeiras internacionais, e outra ao financiamento de programas sociais?
Mais de três milhões de hectares de terra foram distribuídas entre os camponeses. Milhões de crianças e adultos foram alfabetizados. Se instalaram milhares de centros médicos nos bairros populares. Dezenas de milhares de pessoas sem recursos com enfermidades oculares foram operadas gratuitamente. Os produtos alimentícios básicos são subvencionados e oferecidos aos pobres a preços inferiores em 42% em relação ao do mercado. A duração do trabalho semanal passou de 44 horas a 36, enquanto o salário mínimo ascendia a 204 euros mensais (o mais alto na América Latina depois de Costa Rica).
O resultado de todas estas medidas é que entre 1999 e 2005 a pobreza diminuiu dos 42,8% ao 33,9% (2), enquanto a população que vive da economia informal caiu dos 53% aos 40%. Este retrocesso da pobreza permite sustentar com força o crescimento, que no curso dos três últimos anos foi de uns 12% em média, entre os mais altos do mundo, estimulado por um consumo que aumentou 18% por ano (3).
Ante estes resultados, para não falar dos conquistados na política internacional, cabe surpreender-se de que o presidente Hugo Chávez se converteu em um homem contra o qual disparar para os donos do mundo e seus agentes?
ótimos comentários! aproveitem e leiam também os outros textos e poesias que escrevi e façam seus comentarios. Obrigado!
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