13 julho 2007

Ninho de bactérias


Estudo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) divulgado pela Folha mostra que infecções comuns em UTI’s e hospitais do país vêm sendo tratadas com antibióticos inadequados, devido ao fenôme­no da resistência bacteriana.

Embora preocupante, a notícia não é uma novidade. A resistência de bactérias a antibióticos é a prova viva de que a teoria da evolução postulada por Charles Darwin no século 19 está correta. De resto, quanto mais de ponta for uma UTI, maiores tendem a ser suas dificuldades com microrganismos resistentes.

Um meio de enfrentar o problema é ampliar iniciativas como a da Anvisa de traçar o perfil de resistência das bactérias, possibilitando ao médico entrar antes com a droga mais indicada. Vale lembrar que o uso indiscriminado de antibióticos - em especial os de amplo espectro - é um dos fatores que mais favorecem o surgimento da resistência.

O elenco de medidas possíveis não pára aí. Alguns hospitais já exigem que o médico justifique em formulário específico a escolha de determinada droga. Ela só será ministrada se a comissão de controle de infecção da instituição aprovar a conduta.

Também seria interessante voltar a utilizar antibióticos antigos. Como a manutenção da resistência implica um custo energético para as bactérias, ela não costuma ser mantida por muitas gerações. Drogas que deixaram de funcionar podem voltar a fazê-lo a melhor preço do que o dos novos fármacos promovidos pelos laboratórios - política comercial de assédio aos médicos que também favorece o uso inadequado de antibióticos.

Essas são apenas algumas das várias medidas documentadas na literatura. Só que todas elas perdem muito da eficiência por­ que profissionais de saúde mui­tas vezes ainda descuidam do básico, como a necessidade de lavar bem as mãos antes e depois de atender cada paciente.

Editorial do Jornal Folha de São Paulo

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