A aventura do governo de George W. Bush no Iraque é séria candidata ao título de maior desastre político-militar das últimas décadas.
A intervenção, cujos objetivos declarados eram livrar o mundo das armas de destruição em massa do ditador Saddam Hussein e levar a democracia, o respeito aos direitos humanos e a prosperidade ao Iraque, revelou-se um completo engodo por qualquer ângulo que se análise.
As armas de destruição em massa não existiam, e a invasão lançou o país numa guerra sectária que já reclamou a vida de cerca de 70 mil civis iraquianos. A violência diuturna mina os esforços para a formação de um governo efetivo e faz o país mergulhar numa crise humanitária sem precedentes.
Relatório recém-divulgado pela ONG britânica Oxfam traça um panorama sombrio. Cerca de 40% da população se encontra abaixo da linha de pobreza e 15% não têm o que comer regularmente. A subnutrição já atinge 28% das crianças iraquianas, contra 19% antes da invasão (2003), época em que a situação já se encontrava bastante deteriorada pelos dez anos de embargo internacional contra a ditadura de Saddam Hussein.
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Também é inquietante que 4 milhões de iraquianos (15% da população) tenham se tornado refugiados, 2 milhões no exterior (principalmente na Síria e na Jordânia) e 2 milhões no próprio Iraque. São os que enfrentam as condições mais precárias.
A prova final do fiasco iraquiano está na incapacidade dos Estados Unidos de recomporem a infra-estrutura do país. Apesar de a Casa Branca gastar US$ 2 bilhões por semana no Iraque (consideradas apenas as despesas militares e com a reconstrução), 70% dos iraquianos não têm acesso a água potável (eram 50% em 2003) e os bagdalis ainda recebem apenas duas horas de eletricidade por dia. E a situação, vista de hoje, só tende a piorar.
Editorial da Folha (01/08/07).